\\ CRÔNICAS
Não sabe o que é pajubá? Ai bicha, então não vai adiantar te contar que já aprendi que para não passar cheque tem que fazer a chuca!
Por Maria Paula Curto, Colaboração para Frente & Versos
Logo no início, à direita, no 347, nos deparamos com uma obra para um novo restaurante - me informei com o pedreiro - que vai ficar no lugar do antigo Forquilha. Uma pena que tenha acabado. Os irmãos desistiram do Brasil e foram morar em Portugal. Comida gostosa, ambiente acolhedor e tão pertinho. Foi também o lugar onde experimentei Aperol Spritz pela primeira vez.
Colado ao antigo Forquilha, no 343, temos um outro restaurante. O Entrosa. Comida caseira. Um ótimo picadinho e algumas cervejas artesanais que valem a parada. A dona é extremamente simpática e parece ser daquelas batalhadoras. Tem um cachorro super gracinha, que fez a minha Hannah Arendt se apaixonar. Mas coitada, ele não deu a mínima para ela. Falei para ela ir se acostumando, pois os homens são assim mesmo. Parecem sedutores no início, mas sempre acabam te desprezando no final...
Na esquina de uma rua sem saída, outra obra. Antes, havia aqui o The Sailor, espécie de pub descoladinho, com uns sanduíches bem gostosos, batatas rústicas e um ketchup de açaí, que era o máximo. Um deck sensacional. Perfeito para reunir amigos para papear, comer e petiscar. Fiz isso algumas vezes. Tem coisa melhor? Lembro do dia em que eu estava com Marcelo e mais dois amigos dele e a gente comentando dos bofes que passavam. Nossa conversa poderia ser um curso de pajubá para iniciantes. Não sabe o que é pajubá? Ai bicha, então não vai adiantar te contar que já aprendi que para não passar cheque, tem que fazer a chuca! Googla aí e descobre.
Bem ao lado dessa obra, no número 305, tem talvez aquele que seja o maior sucesso da rua e que eu já frequentava muito antes de me mudar para cá. O Empório Alto de Pinheiros. O EAP começou humilde, com um balcão de frios bem na entrada, onde podíamos escolher entre comer ali mesmo ou levar para casa uma pasta de berinjela, uma sardela, uns 300g de pastrami, um presunto cru – todos deliciosos. Era um empório que acabou ganhando umas mesinhas para também funcionar como bar.
Na esquina com a Ferreira de Araújo, temos a padaria do bairro. Dá para sentar numa das mesas da calçada e tomar café com um mineiro na chapa enquanto lemos o jornal de domingo. Gostoso? Bem, não tanto quanto o da CPL, lá na João Moura, principalmente no quesito atendimento, mas dá para se divertir. Para o pão nosso de cada dia, ela é um pouco careira e os pães quase sempre são “muito branquinhos demais” para o meu gosto. Como em tudo na vida, minha preferência sempre foram os mais morenos. A cor sempre traz um certo pecado...
Cruzo pela loja de sapatos mais simpática do universo! E o casal de donos é tão acolhedor, que acelero o passo para não correr o risco de comprar mais um par de sapatos dos quais eu certamente não preciso e acabar conhecida como a Inelda Marcos brasileira!!
Por falar em simpatia, logo ao lado da sapataria, tem a loja da Lya. Que delícia de loja! E que pessoa mais iluminada! De longe, essa loja parece mais uma daquelas que vendem somente coisas supérfluas, sem utilidade alguma. De perto, percebemos que se trata de um lugar onde nossa alma ainda encontra descanso.
Descanso de um mundo obcecado pela necessidade e pelo utilitário. Aqui, as coisas não precisam ter performance. Elas podem, simplesmente, nos deleitar. Olhar para cada objeto dessa loja faz acordar a criança que ainda adormece em nós. Se é que ela ainda não morreu de tanto correr atrás do prejuízo...Cada objeto parece ter sido comprado especialmente para alguém. Nada está aqui à toa, como numa gôndola de supermercado. Todos têm um toque de magia. Lya, ao apresentar seus produtos, fala com tanto entusiasmo, elegância e carinho, que fica difícil sair de mãos vazias. E fica ainda mais difícil não se apaixonar por eles e impossível não se encantar com ela.
Vou pular algumas lojinhas, ou esse relato vira um Em Busca do Tempo Perdido e vou chegar logo ao fim da rua, quase na esquina com a Padre Carvalho. Um pouquinho antes dessa esquina, temos a Maria Tereza, uma lojinha de roupas muito simpática, tal qual a dona; um jornaleiro – fico me perguntando até quando essa profissão vai resistir e existir – e um dos melhores hamburguers de SP: o Vinil.
Por último, não posso deixar de mencionar o Pirajá. Se você é daqueles que só curte cerveja ou chopp, pode tomar que é bom, mas se você é dos meus, e não dispensa uma caipirinha – de cachaça, por favor!!! – não deixe de tomar a Nega é minha e ninguém tasca! Uma caipirinha feita com três limões, pinga e rapadura que é simplesmente dos deuses. Para petiscar, o bolinho carioca, com massa de abóbora e recheado de carne seca. Não tem como resistir.
Ah, mas o Pirajá não fica na Vupabussu? Ok, não mesmo, mas como deixar de fora o que me trouxe até aqui, com suas pedrinhas portuguesas no chão, imitando o calçadão de Copacabana? Não eu, que ainda peço um chopp, no singular, e 3 pasteixxx...
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