\\ A MAIS RECENTES //
Límbica acorda todo dia questionando se hoje é ontem, amanhã, ou mês que vem. Na verdade, tanto faz.
Não há muito o que se fazer. Se esfumaça ao longo do dia entediada com sua própria presença.
Afinal, não é.
Desesperançosa quanto ao que vem ou deixou de vir, Límbica vive no quarto, que podia muito bem ser um porão, um contêiner, uma sala de espera,... Um cômodo qualquer sem janelas.
Mas não se engane, a luta de Límbica é diária. Apesar da espera que parece eterna, também sabe se de-morar nela; apreciando a sincronicidade da suspensão, as potências da incerteza, os devires que nascem do caos.
São as folhas caídas do outono, que nutrem o solo para distantes primaveras.
\\ OUTONO 2021
\\ VERÃO 2021
Cancelada nasceu mastigada, cuspida e escarrada. Já nasceu amarga na boca do povo e nunca foi digerida.
Na verdade, não se sabe se devia: já veio tantas dessas por aí, por que uma outra seria diferente? Sem tempo irmão.
E com essa tarja que traz consigo, Cancelada segue carregando tantas outras: iluminada em seu status de ignorada, ouvida em todas suas palavras silenciadas... continua uma grande contradição, uma marca de não negar.
Discêntrica não existe. Pelo menos, é o que o dicionário diz. Mas ela é conhecida; é de carne, osso e pele.
Tá sempre por aqui, fazendo seus corres, ganhando seu dinheiro, tocando seus estudos... Ela sabe bem: a vida não tá ganha, longe disso.
Nesse constante fluxo de ir e vir, Discêntrica é o coração do centro, bombeando o centro, irrigando pro centro, preenchendo-o de vida; e se questiona: o que o centro vai fazer por mim?
Discêntrica volta pra sua casa, sempre lembrando que depois da borda há outras bordas compondo a pintura, lembrando de onde veio (ela e suas gerações passadas) pra saber qual o próximo movimento da sua dança, lembrando que a questão não é só ter a sua voz, mas poder ser ouvida e fazer-se escutar, às vezes na sua própria casa.
E olha ela mais um dia, fazendo a viagem pro centro, buscando discentrar-se.
\\ PRIMAVERA 2020
\\ INVERNO 2020
À primeira vista, Cotidiana é comum, trivial, mais um rostinho bonito, coberto por uma máscara de pano, entre tantos outros na metrópole urbana. Indigna de sua atenção.
Mas, despretensiosamente, você a encara de novo e é fisgado por um pequeno detalhe, um brilho de tempos (não tão) passados, na vida pré-pandemia. Mais um olhar furtivo, e você se depara com aquela estranha familiaridade no semblante, nas formas. Será que já a viu antes? Um novo relance e ela está lá, Frentes, Versos, dizendo tudo e absolutamente nada.
Não conseguindo mais conter a estranha inquietação, você encara Cotidiana querendo tirar sua máscara e com as páginas entre os dedos questiona: “é comigo? está falando comigo??”
Talvez.
(Re)Descubra, em Cotidiana.
\\ OUTONO 2020
Mas afinal, o que seria uma edição Erótica? Sexo obsceno em cada página? Discussões pós modernas quanto a gênero e sexualidade? Nus artísticos de nossos colaboradores?
Sim e não (e não).
Erótica traz a tona a pluralidade do erotismo humano em um de seus campos mais férteis: as artes. Na crueza pornográfica das letras, nas curvas (in)descentes dos ângulos fotográficos, nos movimentos profanos dos corpos na dança, que Frente e Versos se abre, fala, grita e geme: ERÓTICA.