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Foto do escritorAndré Vieira

Figo & Fígado - Egberto Augusto Goght

\\ CRÔNICAS


Marché Antillais, Cathy Angelli



Caso queira entender do que se trata essa seção de"PEDANTISMO", sugiro que entre aqui.


Da mesma forma, caso queira saber quem é Egberto, aconselho a todos para começar por aqui


“Às vezes me parece que a vida esvaia-se de seu brilho. Outro dia, eu bolando aqui comigo mil e uma artes & ofícios pra bancar o sabichão do grupo ou bam-bam-bam da cocada, me deparei com um texto antigo, daqueles que a poeira vem em camadas e o cheiro vem azedo — como aqueles murchos e secos kebab’s de habib’s e afins —, só esperando ser deleitado — ou seria escavacado? — pelo apetite mordaz ou pela fome ávida, que ainda lambem a capa pra saber se o sebo é bom.


— E nem preciso dizer que pulei ligeiro nessa piscina de águas profundas—


Lá pelas tantas da página 114, ou 115 — sinceramente eu estava altamente alcoolizado para me lembrar ao certo do número — chego ao trecho que chocou este negocinho dentro de mim e deu, asas — quem sabe — a uma ave que afasta maus olhados, e germina em nós, árvores do paraíso, raízes fundas que nos impedem de deslizar pelo asfalto careca ou deitar nus sobre a grama verde, recém-colocada sobre o bosque e ainda por capinar, cercar e regar. Nossas flores só nascem se forem bem tratadas ou, quem sabe, se soubermos dá-las um foco de luz e um grande céu azul para crescerem sem medo ou remorso:

‘A Lígia se enfurna num retiro espiritual no seminário da Floresta, em Juiz de fora. Introvertida, a mãe apreciava a Folia de Reis e o bate-pau, mas não gostava do atropelo do Carnaval, ela dizia que sufocava no meio do povaréu. No entanto, ela costurava de graça algumas peças para a escola de samba Luzu, que amealhava a simpatia dos moradores desde a Vila Teresa até a Saudade, Me pedem, não posso dizer não, justificava.’

Luiz Ruffato. O Verão Tardio. SP: Cia das Letras, 2019.


Tomar um belo café com canela e com gengibre, também ajuda bastante a aliviar a alma e lavrar nossa cara.


— Os galos cantam a cada 24h; os urubus caçam a cada doze horas; sinos das igrejas dobram de seis horas em seis horas; o estômago apita a cada três horas, o pulso vibra de hora em hora; minha geladeira desliga a cada meia hora; os currais mugem a cada vinte minutos; meu velho rádio a relógio não dura mais que dez minutos; minha última transa boa não valeu cinco minutos (nem as oitenta pilha); me enfarto de miojo com ovo em três minutos; minha ansiedade não dá trégua um minuto:

a quem devemos nossa paz?

Com preguiça,

Eggy.”

(Retirado originalmente do e-mail de Egberto a esta revista)



PS: Não pude postar ontem porque estou muitíssimo ocupado com alguns assuntos... Perdão pela ausência e abstenção.


Figo & Fígado

Cantado mercado;

Se disse com um eclipse:

“Alçado, fidalgo!”


Egberto Augusto Goght


(Créditos foto capa: Petit Déjeuner, Alena Poltorakova)



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