\\ CRÔNICAS
Releitura da obra de Paul Cezanne, Paulo Sergio B.Souza
Caso queira entender do que se trata essa seção de"PEDANTISMO", sugiro que entre aqui.
Os mais sábios, e nem por isso mais anciões, dizem que a verdade é multifacetada, que o amor é sempre uma encomenda individual enviada à porta errada e que o tempo — foices curvas que carregamos em nossas espaldas tortas em menção a asas de anjos caídos — é talvez, juntamente com nossa senilidade e solidão, o melhor amigo que podíamos ter: sempre nos resguardando até o próximo salto sobre o sofá, investida sobre a mesa, ou como muito teimam em fazer repetidamente, assalto sobre farta geladeira de delícias.
Segundo a disposição e ânimo desses que sempre ficam encobertos pela penumbra da história e o conveniente esquecimento dos registros históricos milenares — afinal, do que adianta sermos uma cultura-civilização baseada na produção escrita, não é mesmo? —, a vida, a exemplo dos sonhos que cingem a alma, é a justaposição de figuras, retratos, e quem sabe, diários escritos por nossa autoria e por punhos alheios que se entrelaçam, se misturam, e, por fim, se achatam formando aquilo que posteriormente, algum dia, foi-se tido como “verdade”.
No entanto vale aqui um parênteses, embora toda esta pseudoconstrução tenha se valido mais de uma antífrase do que, de fato, um testemunho de uma verdade ancestral, lastreada pela sabedoria de grandes sábios e a experiência prática de incontáveis mulheres, sendo assim incontestável aos olhos mortais e disponível, apenas, ao crivo de altivos e de deuses cujas artimanhas e engenhosidades estão além de nosso próprio entendimento mortal; quem há de validar — além do próprio tempo e as repercussões gestadas a partir dele — qual verdade prevalecerá sobre a outra?
E as verdades próprias? Aquelas que dizemos cem vezes a nós mesmos até se tornem aquilo que desejamos? E as verdades forjadas, conhecidas também como “mentiras brancas” — o que seria uma mentira branca? —, que assumem a função momentânea da certeza, mas que mais cedo ou que mais tarde, como o plenilúnio da lua, serão desveladas à regalia de seus ossos pobres e fundações lamacentas? E a minha verdade? A história de tudo que vi, de tudo que senti, de tudo que sofri ao longo do envelhecimento da carne e do rejuvenescimento das rugas e dos pés-de-galinha, velhos conhecidos da acne d’outras épocas de meninice primavera? E a história daqueles se foram? Do cimento que jaz jacintos e o cobre que o cobre os portões enferrujados das saídas vazias de soleiras de pedra? Um retrato, um esfumaço e um abraço podem se abrigar num terço: no desejo mesquinho de saudades latentes e na fé amesquinha de desejo de paz no descanso do solo eterno,
contudo nunca abarcam a dor e o amor d’um eu
inteiro.
Lemos livros porque gostamos de ler histórias e ter-nos, por perto, o calor daqueles que nos foram no tempo e espaço. Dirijo, agora uma pequena pergunta ao leitor que aguentou nessa miscelânea de riso e choro — como o próprio drama da vida —: Já escreveu sua estória
Hoje?
PS: Me desculpem não ter postado o texto na sexta nem ontem, segunda. Tive algumas pendências para resolver com a família/escola e não houve tempo para me dedicar de maneira satisfatória a esse espaço. Peço mil perdões...
Chá de Jade
Jardim Japonês
Azoque espira sabores
Jasmim cinge Fez
André Vieira
(Créditos foto capa: Petit Déjeuner, Alena Poltorakova)
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