\\ CONTOS
O mar não tá pra peixe e nem pra marola. Lembro a ponte de madeira. Passei por cima do rio até o manguezal. Abismei com caranguejo de tanta cor
Por Sibélia Zanon*, colaboração para Frentes Versos
Raízes aéreas, melhor levantarem voo. Eu já me decidi. Vou me vestir de mangue e corro com vocês. É verdade, não tem São Silvestre e nem Carnaval. Mas não tem problema. Me esperem uma onda e já chego num tsunami. Me visto de mangue pra voar. Salgueiro e mangueira, árvores do amanhã. Agora sou arbusto de mangue vermelho, cor de sangue. Quem tem raízes aéreas que levante voo. E leve o berçário do mar para outro lugar. Caranguejo, peixe, camarão. Paro e espio o peixe-boi no Tatuamunha. Do ladinho do manguezal, namorando rio e mar. Alagoas e a costa verde sem fim. Não, não, tudo tem fim. Peixe-boi, cuidado com a boiada. O mar não tá pra peixe e nem pra marola. Lembro a ponte de madeira. Passei por cima do rio até o manguezal. Abismei com caranguejo de tanta cor. Cavalo-marinho também é coisa de outro mundo. Mas sabia nadar em águas turvas. Raízes aéreas, melhor levantarem voo. Pra onde vocês vão? Estou quase pronta. Já faz tempo me sinto acordar aérea. Acho que era meu jeito de adiantamento. Pra poder seguir voo com vocês.
*É Jornalista e escritora, também é colunista convidada de Frentes Versos.
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