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Ícones da música americana seguem relevantes mesmo próximos dos 80 anos

\\ ARTE

Apesar dos rostos enrugados pela passagem do tempo, seguem transmitindo as cicatrizes da história

Por Gabriel Zorzetto

SAN FRANCISCO - MARCH 23: Neil Young and Bob Dylan perform at Bill Graham's SNACK Benefit (Students Need Athletics, Culture and Kicks) at Golden Gate Park on March 23, 1975 in San Francisco, California. (Photo by Richard McCaffrey/Michael Ochs Archives/Getty Images)

Bob Dylan, Willie Nelson e Neil Young. Três entidades da música popular americana que, mesmo sendo alguns dos mais antigos da indústria, estão longe de se aposentar. Suas canções estão incrustadas na história e ajudam a compreender os Estados Unidos desde anos 1950. Há décadas na estrada, pode-se até falar em cansaço, mas nem por isso eles param de fazer turnês, lançar discos e até filmes – continuam extremamente relevantes.

Todos já passaram dos 70 anos e vivem em atividade incansável e incomparável hoje, cuja memória fugaz, onde o ontem é esquecido devido à urgência do presente. Por isso, é satisfatório observar detalhadamente a força desses veteranos.


Neil Young, letrista de mão cheia que passeia entre o folk e o hard-rock, é o novato, com 73 anos. Desde 2014, lançou seis discos de estúdio e cinco gravados ao vivo – desenterrados de seu vasto arquivo e remasterizados com qualidade próxima da perfeição. Além disso, compôs a trilha-sonora de “Paradox”, um filme-documentário estrelado por ele e dirigido por sua mulher Daryl Hannah com produção da Netflix.


O canadense, que entende os Estados Unidos como ninguém, segue em turnês pelo mundo com os garotos da banda Promise Of The Real, liderada por Lukas Nelson (filho de Willie). A mais recente delas, no início de julho, para uma curta série de shows na Europa, com ingressos esgotados, que culminou em duas performances conjuntas com Bob Dylan, nas cidades de Londres e Kilkenny – nesta última onde protagonizaram um histórico dueto não visto há mais de 25 anos.


Dylan, por sua vez, completou 78 anos em maio e carrega a alcunha de ser o maior compositor da história da música popular. O Mozart do século XX. Nos últimos cinco anos, ele gravou três álbuns de estúdio, todos com releituras do cancioneiro clássico norte-americano, especialmente entre anos 1930 e 1950. Também disponibilizou sete premiados box-sets (caixas de arquivos com gravações inéditas) que revivem suas grandes fases durante os anos 1970. Seja na gravação de álbuns históricos como “Blonde On Blonde” e “The Basement Tapes” com a The Band ou de registros ao vivo da turnê “Rolling Thunder Revue” – cuja áurea mística ao seu redor fez com que o diretor Martin Scorsese produzisse um interessante filme a seu respeito, lançado no último mês de junho pela Netflix.

O trovador recluso, dono de hinos como “Like A Rolling Stone” e “Blowing In The Wind”, tem um surpreendente amor pelo palco. Apesar da discrição e do quase nulo contato com a platéia durante as apresentações, já são quase 3 mil concertos desde o início da interminável “Never Ending Tour”, em 1988. Como se isso não bastasse, Dylan venceu em 2016 o Nobel da Literatura “por ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição americana da canção”.


Por fim, Willie Nelson, um dos pioneiros da música country, está com incríveis 86 anos e acumula quase 100 discos de estúdio publicados (mais que Dylan e Young somados) – dos quais quinze são desta década. “God’s Problem Child” (2017) e “Last Mand Standing” (2018), inclusive, são classificados pela crítica especializada como dois dos melhores álbuns de toda sua discografia, principalmente pela qualidade das letras e pela produção refinada, tornando-os clássicos instantâneos do gênero.


Entusiasta do uso da maconha, disse recentemente que a erva “salvou sua vida”. Fato é que o cantor tem uma saúde de ferro que lhe dá fôlego para uma agenda de shows igualmente alta, encabeçada por festivais tradicionais como o “Farm Aid”, organizado desde 1985 por Nelson e Young para arrecadar fundos destinados a agricultura familiar.


Sorte a nossa que é esse o ritmo dos três ícones que, apesar dos rostos enrugados pela passagem do tempo, seguem transmitindo as cicatrizes da história de uma nação e colocando em prática um dos mais famosos versos de Young: “É melhor se queimar do que se apagar lentamente”; ou de Dylan “A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada.”; ou de Nelson: “Se você esperar até amanhã para seguir seus sonhos, quando chegar lá, eles terão ido embora”.


Discografia (nos últimos cinco anos)


Neil Young

2014: A Letter Home e Storytone


2015: The Monsanto Years 


2015: Archives Volume 11: Bluenote Café (ao vivo)


2016: Earth (ao vivo)


2016: Peace Trail


2017: The Visitor


2017: Hitchhiker


2018: Paradox – acompanha o filme de mesmo nome, dirigido por sua mulher Daryl Hannah


2018: Roxy; Tonight’s The Night (ao vivo)


2018: Songs For Judy (ao vivo)


2019: Tuscaloosa (ao vivo)


Bob Dylan

2014: The Bootleg Series Vol. 11: The Basement Tapes Complete


2015: Shadows in the Night


2015: The Bootleg Series Vol. 12: The Cutting


2016: Fallen Angels


2016: The Real Royal Albert Hall 1966 Concert (ao vivo)


2017: Triplicate


2017: The Bootleg Series Vol. 13: Trouble No More


2018: The Bootleg Series Vol. 14: More Blood, More Tracks


2018: Live 1962-1966: Rare Performances From The Copyright Collections (ao vivo)


2019: The Rolling Thunder Revue, The 1975 Live Recordings (ao vivo) acompanha o filme


Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese


Willie Nelson

2014: December Day: Willie’s Stash, Vol. 1


2015: Django & Jimmie


2016: Summertime: Willie Nelson Sings Gershwin       


2016: For the Good Times: A Tribute to Ray Price      


2017: God’s Problem Child   


2017: Willie and the Boys: Willie’s Stash, Vol. 2


2018: Last Man Standing


2018: My Way     


2019: Ride Me Back Home


**Imagem – Young e Dylan no Farm Aid. Wikimédia Commons.

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