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“Viva o cinema nacional!”, exclama plateia eufórica ao final da exibição do filme Bacurau

\\ CINEMA

Os diretores mostram-se felizes com a resposta vinda do público até o momento, mesmo que eles transpareçam estar apreensivos e reflexivos com o futuro do país, levando em consideração o que a temática do filme.

Por Laura Ré, Especial para Frente & Versos

Os diretores Juliano Dornelles (esq.) e Kleber Mendonça Filho — Foto: Reprodução. Keiney Andrade/Folhapress

No dia 19 de agosto de 2019 (segunda-feira), o Cinearte, em São Paulo, recebeu o evento de pré-estreia do filme Bacurau, com a presença dos dois diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. O longa narra a história pequeno povoado fictício do oeste de Pernambuco, chamado Bacurau — em homenagem a um pássaro com o mesmo nome —, que inesperadamente sofre ataques misteriosos, que geram mortes violentas de seus poucos moradores.


Após sua exibição, houve um debate mediado pela Folha de S. Paulo com os diretores do filme que, antes de darem início às falas, deram o lugar ao clamor do público que os aplaudia de pé e gritava fervorosamente: “viva o cinema nacional!”. Juliano Dornelles prontamente disse que “Bacurau não é um filme de vingança, é um filme de resistência”. Ele e seu parceiro de direção, Kleber Mendonça Filho, foram questionados em muitas premières, se o que motiva os ataques sofridos pelos moradores pode ser visto como um ato vingança, mas em vários momentos deste debate, os diretores reforçavam o argumento de que o filme simboliza a resistência de povo, unido e unificado com sua própria terra.


Dornelles também apregoou que “a palavra-chave [do longa] é [sua] história”. No longa, há muitas cenas de embates violentos com bastante armas e sangue — inspiradas na tradição das histórias e cinematografia do Velho Oeste estadunidente. Entretanto, todo o arsenal disponível à população para a autodefesa está guardado no museu histórico do local, e só é utilizado no momento de ameça imimente. Para Dornelles, essa imagem está cheia de simbologias: “Em Bacurau, as armas são objeto de registro histórico, estão no museu. Aquela comunidade é pacífica e as armas não devem existir para o que foram fabricadas”. Mendoça emenda a fala colega diretor: “Armas devem ser destruídas e apenas uma pequena quantidade deve ser colocada em museus como referência para o futuro”, claramente fazendo uma crítica ao discurso em favor do porte de armas, endossado pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro. A película retrata uma visão pessimista para o futuro do Brasil, quase uma distopia tupiniquim, mas Dornelles assegura: “Mas, por enquanto, ainda é só uma ficção”.


Os diretores mostram-se felizes com a resposta vinda do público até o momento, mesmo que eles transpareçam estar apreensivos e reflexivos com o futuro do país, levando em consideração o que a temática do filme. “As pessoas saem da sala dizendo que precisam ver o filme mais vezes. Isso é ótimo, porque eu também costumo fazer isso com os filmes que eu gosto”, declarou Dornelles.


O lançamento oficial de “Bacurau” é dia 29 de agosto, enquanto a data não chega, a obra e os realizadores pretendem continuar por dentro de festivais, a fim de levantar outros debates e pleitear uma indicação ao Oscar como filme internacional.

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