verborragia
- Frentes Versos
- 4 de ago. de 2020
- 1 min de leitura
\\ POEMÁRIO
Por Amanda Vital* , colaboração para Frentes Versos

verborragia
as palavras me engatam a garganta pelas úngulas
escalando paredes massudas de vazio acumulado
sinto o amargo dos farelos as camadas raspadas
a saliva confinada nas grossas grades da afasia
sinto cada gota desse sumo chorumoso e espesso
desgarrado à força na degeneração dos silêncios
tento cobrir a boca reprimir o ímpeto delinquente
numa hipótese vã de fazer descerem os demônios
chego a engolir pressionar empurrar impelir sigilos
mas vozes correm em desespero entre meus dedos
explodindo faringe laringe mandíbula cordas vocais
fere a carne coagula o verbo na arma que impunha
as palavras me sepultam a mudez pela insistência
arrebentando pontos repetidos de eternas suturas
*Amanda Vital (Ipatinga/MG, 1995) é editora-adjunta da revista Mallarmargens. Bacharel em Estudos Literários pela UFMG, atualmente cursa Mestrado em Edição de Texto pela Universidade Nova de Lisboa. Autora dos livros Lux (Penalux, 2015), Passagem (Patuá, 2018) e da plaquete Perspectiva, publicada pela Revista Mirada (2020). Tem poemas e traduções publicados em revistas, blogs e jornais – virtuais e impressos – como Germina, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Correio das Artes, Acrobata, Equimoses, Zona da Palavra, RelevO e Caliban. Também participou de antologias como 29 de abril: o verso da violência (Patuá, 2015) e Ventre Urbano (Penalux, 2016). Foi curadora da 4ª edição da antologia Carnavalhame (2020). Tem poemas traduzidos para inglês e catalão. Contato: amandavital@live.com
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