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Refinada, a espanhola Grand Hotel valsa sob o suspense
Redação, Frentes Versos
Julio (Yon González) não se conforma com o sumiço da irmã, Cristina Olmedo (Paula Prendes), começa a ligar os pontos, mas todos os caminhos rumam para um só lugar: o Grand Hotel. São muitas versões do paradeiro da jovem que, há meses, havia sido camareira no hotel de luxo, para não se concluir o paradeiro. Ao chegar no lugar, ele bate os pés no chão e resolve começar uma investigação por conta própria.
Demitida, morta, sumida, foragida, são muitas as versões que cercam o caso, o que leva o jovem garçom Andrés (Llorenç González) a refutá-las, falando mais do que deve. Não demora para Julio se morder, mas também aprender o serviço no restaurante do hotel. A primeira pista ele mata, descartando o boato em voga, de que Cristina sumiu depois de roubar uma joia de Lady Ludivina (Asunción Balaguer), uma aristocrata simpática, hospede do primeiro escalão.
De gravata borboleta preta, sapatos engraxados e abotoaduras, o sagaz camponês começa a dançar a valsa do grande salão, ora se esquivando dos olhos de águia da governanta Ángela (Concha Velasco), ora saindo à francesa do caminho do inspetor da polícia, Horácio Ayala (Pep Antón Muñoz).
A saga começa e as perguntas vão ficando complexas, à medida que as micro tramas ganham força, não abrindo mão boas doses de suspense. Naquele universo, esquivar-se é uma virtude, passada do gabinete da chefia, por dono Teresa (Adriana Osores) e Diego Murquía (Pedro Alonso), gerente do hotel. Julio observa minucias, interroga figurões à colegas de cozinha, à sua maneira, contanto com a ajuda de Andrés e Alicia (Amaia Salamanca), a irmã boa da história, uma das herdeiras da família Alarcón.
Com três temporadas, Grand Hotel é encorpada por inúmeras ocorrências que vão se cadenciando, e raramente peca em passos falsos; os mistérios estão alicerçados na trama como a mentira está no cerne da família Alarcón. Nos meandros da investigação, Julio pena e cada vez mais encontra empecilhos (legais ou não) em sua busca por justiça.
Ali todos estão sob suspeita, não importa o grau de parentesco, hierarquia, participação. Um olhar torto é bem mais do que isso, um fundo falso em uma gaveta pode conter mais do que lá cabe, fazendo ruir aquele castelo de aparências que guarda muitos segredos. A dúvida é uma constante. Trilha sonora, figurino, locações, tudo impecável. Lamenta-se só não haver quarta temporada.
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