\\ ARTE
Cantora curte novo momento na carreira, decola e atrai gerações ao redor do palco do Tom Brasil
Por Matheus Lopes Quirino
Imagem: Assessoria do evento
O público energizado sabe de cor a letra de “Onde está o dinheiro? ”, faixa da baiana Gal Costa, 73, naquele álbum que a lançou às paradas nos anos 1980. É de Profana, 1984, que falamos. Um dos mais bem-sucedidos projetos da cantora, de onde também estourou uma canção titular em seu repertório: “Vaca profana”. Mesclando sucessos que a consagraram como uma das vozes de maior expressão do país nas últimas décadas, ela se apresenta nesta sexta-feira em São Paulo.
Sem manhas e com poucas superstições antes do tão aguardado show, a data emblemática, sexta 13, lembra outra faixa da cantora “O sorriso do gato de Alice”. Gata, atrevida, boogie oogie, Gal está passando pela capital paulista depois de várias rodadas no semestre anterior pelo Brasil e exterior. Apresentando-se na famosa casa de shows na zona sul paulistana, o Tom Brasil, palco de sua estréia em 2018, a turnê “A pele do futuro”; a artista coleciona marcas de expressão de sabedoria e sua voz, imaculada, provoca contrações involuntárias no público.
Arrancando anciãos das cadeiras confortáveis da first class do Tom Brasil, país afora, “A pele do futuro” reúne o repertório clássico com a ousadia de novas canções, geralmente arriscada tentação que sucumbe um cantor a se reinventar. Gal, não. Ela é a própria reinvenção, o público a acompanha, canta junto as boas novas, como “Palavras do corpo” – faixa composta pelo prodigioso cantor Silva ou “Realmente Lindo” – esta, feita sob medida pelas mãos de Tim Bernardes, o pianista/cantor que arrancou elogios de outra baiana, Maria Bethânia.
Imagem: Assessoria do evento
O globo de discoteca reflete dezenas de cores em laser, Gal aparece esvoaçante em seu vestido vermelho feito sob medida pela Gucci, peça característica que a acompanha em todas as apresentações. Ao abrir um show no Tom Brasil, no climão daquele entrevem eleitoral, em 2018, ela escolheu para abrir a roda de sucessos com o agudo característico da cantora em “Não se assuste pessoal/Se eu lhe disser que a vida é boa/Enquanto eles se batem, dê um rolê que você vai ouvir”, a faixa “Dê um rolê”, do álbum Fa-Tal – Gal a Todo Vapor (1971).
“Eu sou amor da cabeça aos pés”, diz a cantora ao público. Centenas de cabeças levantam no momento em que as notas dos hits como “Meu nome é Gal” sobem, bailando, a rapaziada mias se esgoela do que canta. A plateia está em catarse coletiva, com mãos para o alto, todos dançam juntos ao final da apresentação, embalados no balancê, balancê, Gal dá bis. Entre as músicas conta histórias, faz piadas, conversa com público, agradece um a um, carinhosamente, seus companheiros de palco.
Gal: Índia, Estratosférica, Profana, Fatal, Tropical, Baby Gal, Legal, Gal é uma cantora Plural e estes adjetivos, para os não familiarizados, são todos discos seus. Gal, gracinha, começou sua carreira nos anos 1960 com o álbum homônimo Gal Costa, cuja canção “Baby” é hino de amor e dos corações partidos.
Natural de Salvador, na sua amada Bahia, por anos Gal fez parte do quarteto dos baianos da fase de ouro da MPB, a Tropicália, ao lado de Gilberto Gil, Maria Bethânia e Caetano Veloso. Hoje, a cantora ostenta mais de quarenta álbuns, gravados em estúdios e ao vivo. Passou pelas mais prestigiadas gravadoras, como a Sony e a Polygram. Gal Costa faz parte do elenco da Biscoito Fino, gravadora independente que tem por especialidade (o melhor da) MPB.
Dançante, divertida, na pista da discoteca, ela balança a cabeleira, os quadris, assemelha-se à jovem performática de voz cristalina dos anos 1970, só é mais experiente e sem tantos saltos e ousadias. Hoje, Gal contempla e, sempre tranquila, pode se dar por satisfeita, a baiana tem uma trajetória de peso e versatilidade, pouquíssimos baixos, muitos altos. “Não que eu me iluda, eu acho até que você sente um frisson”, canta ela em “Sublime”, a faixa queridinha da vez, e todos compartilham do mesmo arrepio.
FAIXAS DO ÁLBUM ‘A PELE DO FUTURO’
01. SUBLIME
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Dani Black
Editora: Direto
02. PALAVRAS NO CORPO
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Silva / Omar Salomão
Editora: Farol Music (Som Livre Edições Musicais) / Kabuki Produções
03. VIDA QUE SEGUE
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Hyldon
Editora: Warner Chappell
04. CUIDANDO DE LONGE
Intérprete: Gal Costa e Marilia Mendonça
Autoria: Marília Mendonça / Juliano Tchula /Junior Gomes / Vinicius Poeta
Editora: Work Show Editora / Jr. Produções / Direto
05. LIVRE DO AMOR
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Adriana Calcanhoto
Editora: Minha Música (Sony/Atv)
06. PURO SANGUE (LIBELO DO PERDÃO)
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Guilherme Arantes
Editora: Sony/Atv
07. REALMENTE LINDO
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Tim Bernardes
Editora: Spin Music
08. VIAGEM PASSAGEIRA
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Gilberto Gil
Editora: Gege Edições/ Preta Music (EUA e Canadá)
09. CABELOS E UNHAS
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Paulinho Moska / Breno Góes
Editora: Casulo (Sony/Atv)
10. DENTRO DA LEI
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Djavan
Editora: Luanda Edições
11. MINHA MÃE
Intérprete: Gal Costa e Maria Bethânia
Autoria: César Lacerda / Jorge Mautner
Editora: Alternetmusic (Dubas) / Gege Edições/ Preta Music (EUA e Canadá)
12. MÃE DE TODAS AS VOZES
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Nando Reis
Editora: Warner Chappell
13. ABRE-ALAS DO VERÃO
Intérprete: Gal Costa
Autoria: Erasmo Carlos / Emicida
Editora: ECRA (Sony/Atv) / Warner Chappell
Commentaires