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Quatro poemas de Joanne Oliveira

\\ POEMÁRIO


Por Joanne Oliveira, colaboração para Frentes Versos

"O bordado da tarde" (2005), por Stênio Burgos.

A OUTRA


Guarde-me

Num canto pequeno

Apertado

No coração

Coloca-me

No rol das memórias

Junto das meninas

Abraça-me

Vez e quando

No sonho

Ama-me

Vez e sempre

Em qualquer lugar.

 

ELA


Eu ainda não sei quem transitou por quem

Mas isso tanto faz

Visto as marcas do atravessamento

Só me resta repousar

Mas pelo que posso me lembrar

Ela tinha uma coisa que me fez pensar

tem que ser e será.

 

O SERTÃO NA GENTE


Em tudo há um tempo pra ser , crescer e viver

As mazelas do agora não são tudo que temos

A gente do sertão conhece o pinhão

que cura as feridas de fora

O cair da tarde no céu da caatinga trata de curar as de dentro

Não somos tão fortes

Mas aprendemos a ser

A estiagem é da água e não da luta pra viver

O clamor pela chuva não é só pra plantar

É pra plantar e pra colher

A esperança não é só no verde que surge ligeiro na flora da caatinga depois da chuva

É saber que nossa qualidade natural é passar pela estiagem

E que cada retorno

Se faz mais belo que o outro.

 

HABITAT


Ela disse : “- espero que sua espécie

sinta-se confortável em minhas terras”

Eu bicho solto

Ave aventureira

Humana corda bamba

Pé com assas

Carteiro viajante

Nunca me senti tão em casa

Nunca caminhei por um solo tão sólido

capaz até de suportar minha solidão.

Nunca vi terra tão fértil

capaz até de florir meu coração

Nunca fiz de nada meu lar

Mas com ela eu posso descansar.


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