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Campos Elíseos - André Vieira

\\ POEMÁRIO


Les Champs Elysées, Jean-Antoine Watteau


Nesta seção diária, que à regalia da preguiça deste que vos fala e de colaboradores desleixados que mandam textos na calada da noite e às favas o próprio organizador de suas obras magistrais — novamente, eu —, pretendemos, a despeito da promiscuidade e falta de talento evidentes de seus contribuidores — e pela última vez, eu — criar neste espaço um constante ponto de encontro para o leitor, da experiência poética do haicai, forma milenar de poesia japonesa, que se tornou muito popular em terras tupiniquins a partir da virada do séc. XX.


Consagrada por grandes mestres das letras como Guilherme de Almeida, Haroldo de Campos, Millôr Fernandes e o popularíssimo Paulo Leminski, o Poemirim, como foi carinhosamente apelidado a poesia japonesa quando se enraizou em Terras Brasis, é um relato poético curto, geralmente de três linhas e dezessete sílabas métricas. Em sua gênese japonesa, o hai-cai tem como temas as coisas simples do cotidiano, a visão de mundo zen influenciada pelas práticas do confucionismo e do budismo na estirpe de Mahaya, e sobretudo o exercício da humildade e do desapego a fim de alcançar a iluminação. Já em sua ramificação verde e amarela, o traço bem-humorado e a ironia aparecem sendo os principais pontos explorados pelos haijins tupiniquins, embora, nada impeçam que temas mais tradicionais, como a busca pelo nirvana e a procura pelo inusitado no cotidiano, sejam desenvolvidos por eles; verdade seja dita, cada "haicaísta" é bem original no cultivar de seus lírios nipo-brasileiros.


Tendo tudo isso em mente, apresento o primeiro hai-cai — espero que o primeiro de muitos — desta seção. Agradeço a todos pela atenção e uma grande jornada!





Campos Elíseos

Allure de Lume;

Entrouxo, frouxo, do almoço:

Perfume de açude.


André Vieira



(Crédito foto da capa: Bords de Seine de Argenteuil; Édouard Manet)








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