\\ POEMÁRIO
Por Raí Prado Morgado*, colaboração para Frentes Versos
para lançar depois do carnaval / um anticomputador sentimental
a Rafael Souza
I.
a tarde a quebrar os espinhos dos cactos
vez ou outra furar os dedos
e pensar na maldição das palavras
que a avó proíbe dentro de casa
II.
como se a falta causasse
medo confundisse prazos
ouvir a pausa após o nove
ao salvar um contato
mesmo com tantos anos
do restante dos números
amontoados ainda assusta
perceber que já não somos jovens
III.
a coragem é uma via de mão dupla
buscar respostas no universo absurda
muito mais do que deveria
IV.
abraçar visitas
anotar seu nome
nunca mais decorar um telefone
*Raí Prado Morgado (Caraguatatuba, 1999) estudou Gestão Ambiental na ESALQ/USP, em Piracicaba, e edita a Revista Contempo. Tem poemas publicados em revistas e periódicos literários como Subversa, Vício Velho, Mallarmargens, Aboio, Pixé, Ruído Manifesto, Arribação, Frentes Versos e Suplemento Acre, no Brasil, e pelo coletivo MásPoesia, na Argentina
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