\\ CINEMA
Os diretores reforçavam o argumento de que o filme simboliza a resistência de povo, unido e unificado com sua própria terra.
Por Laura Ré, Especial para Frente & Versos
Estreou o tão aguardado filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, Bacural. O longa narra a história pequeno povoado fictício do oeste de Pernambuco, chamado Bacurau — em homenagem a um pássaro com o mesmo nome —, que inesperadamente sofre ataques misteriosos, que geram mortes violentas de seus poucos moradores.
“Bacurau não é um filme de vingança, é um filme de resistência”, afirmou Dornelles na pré-estreia do filme, em São Paulo. Os diretores reforçavam o argumento de que o filme simboliza a resistência de povo, unido e unificado com sua própria terra. No longa, há muitas cenas de embates violentos com bastante armas e sangue — inspiradas na tradição das histórias e cinematografia do Velho Oeste estadunidense. Entretanto, todo o arsenal disponível à população para a autodefesa está guardado no museu histórico do local, e só é utilizado no momento de ameaça iminente.
Para Dornelles, essa imagem está cheia de simbologias: “Em Bacurau, as armas são objeto de registro histórico, estão no museu. Aquela comunidade é pacífica e as armas não devem existir para o que foram fabricadas”. Mendonça emendou a fala colega diretor: “Armas devem ser destruídas e apenas uma pequena quantidade deve ser colocada em museus como referência para o futuro”, claramente fazendo uma crítica ao discurso em favor do porte de armas, endossado pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro.
A película retrata uma visão pessimista para o futuro do Brasil, quase uma distopia tupiniquim, mas Dornelles assegura: “Mas, por enquanto, ainda é só uma ficção”. “As pessoas saem da sala dizendo que precisam ver o filme mais vezes. Isso é ótimo, porque eu também costumo fazer isso com os filmes que eu gosto”, declarou Dornelles.
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