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Naquela Hora

\\ POEMÁRIO


Por Bruno Pernambuco

A Ronda Noturna (1642), Rembrandt.

Naquela Hora


Quando as vozes são baixas


A noite não tem linguagem para nada dizer.

A primavera não tem segredo que esperar.

O café, a colcha, os horários

chegaram na hora errada.

Começo sem término.

A musa fecha a sua caixa

- é o mundo, e os perigos estão trancados lá fora.

A mudeza é um espartilho que se veste e desveste

só os gatos e os indigentes da noite não conhecem a sua elegância.


Só quem vive nessa hora são as estrelas,

contradições,

lágrimas de nenhuma morte.

No fundo no armário

ainda estão os retratos da família.

Sem amor e sem loucuras de amor

e com sorrisos que cheiram alho.


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