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Um mergulho profundo na história de um dos maiores nomes da música pop
Por Gabriel Solti Zorzetto, Colaboração para Frente & Versos
O músico Elton John durante as apresentações do Tour De Force em 1986, na Austrália. Performance em que ele está caracterizado de Tina Turner é antológica.
O filme "Rocketman", de 2019, é muito bom, no entanto, não é estritamente uma biografia de Elton John, e não foi realmente projetado para ser. É definitivamente uma versão psicodélica e ficcional de sua vida. Muitas liberdades foram tomadas com a total aprovação do próprio Elton John, que era o produtor executivo do filme. A história é mais sobre temas em sua vida do que sobre os eventos reais, embora muitos tenham sido recriados de maneira relativamente fiel. Assim, se você quiser uma história mais precisa e intimista, poderá ler “EU”, autobiografia escrita pelo próprio cantor e compositor.
Em 354 páginas de enredo particular e prosa pessoal, a história da vida de John passa abrangendo todas as frentes que seus fãs querem conhecer: seu relacionamento de infância com um pai distante, sua percepção de que ele era gay, as músicas que se tornaram parte de nossa existência audível e as estrelas que orbitaram ao redor de sua atmosfera. Está tudo lá, honestamente, com uma piscadela, uma risadinha e um pouco de melancolia.
John expõe o mau relacionamento dele com o pai, que estava na Royal Air Force. Diante da distância dos dois, o músico volta à dura infância regrada que teve ao lado da mãe e do padrasto Derf. Ambos temperamentais, as conturbadas relações familiares de John não são segredos ao público. Durante a trajetória do cantor, cuja a mão, inúmeras vezes, o acompanhou, um mix de explosões de raiva, afeto e estranhamentos cercou mão e filho. Gerando afastamentos por parte de John e críticas, até a morte dela em 2017.
A música se tornou seu santuário. Seu amor por Elvis, seu talento para tocar qualquer música ao piano depois de simplesmente ouvi-lo, sua obsessão por comprar discos o levaram ao seu destino. Sua primeira chance de verdade foi num grupo chamado nota Bluesology.
Foi por acaso que ele foi apresentado às letras do compositor Bernie Taupin — evento que mudaria sua vida para sempre, assim como o icônico concerto no Troubadour Club em Hollywood, em 1970, quando sua estrela descolou em um ritmo astronômico. A partir de então, Reg Dwight virou de vez Elton John: roupas malucas, músicas incríveis, um showman até a última; festas ultrajantes, drogas dos clubes descolados, estrelas que o gravitavam porque ele brilhava demais: Rod Stewart, Marc Bolan, Freddie Mercury, John Lennon e Ringo Starr tornaram-se amigos ao longo da vida. Depois aproximou-se da princesa Diana, gravou músicas com George Michael, Leon Russell e Little Richard, entrou no Hall da Fama do Rock & Roll e foi condecorado pela rainha Elizabeth.
Durante a leitura, o tom de John nunca é chato, nem muito longo, nem muito chocante. É quase como se ele estivesse sentado no sofá com você compartilhando suas histórias. Você acaba rindo com ele, às vezes sentindo uma pontada de tristeza em seu coração e, no final, bastante satisfeito com o tempo que passou mergulhado em sua fascinante história.
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TÍTULO:Eu
AUTOR:Elton John
EDITOR:Planeta do Brasil
ANO:2019
(Os textos de colaboração não expressam necessariamente a opinião da F&V)
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