\\ POEMÁRIO
Por Tomás Fiore Negreiros
Despertamos em março
que mal
acabou.
A janela em quadro.
Dia se pinta em raio,
reverberando no quarto
o que radia em verão.
As maritacas, condolentes,
pincelam o mar em nuvens
diante de vidros transparentes.
Em coro, cantam:
À'lamedasmosqueadas
ementregasaladas
dasfilasquimétricas
gondolasvaziadas
TROVÃO
De manhã, ainda é dia.
Grama testemunha
e orvalho clama:
"há pouco chovia”.
Das varandas, a cidade.
Sonoridade ainda cinza,
sólida, estaiada, ereta.
Acostumado ainda’via.
Lá ao fundo,
dizendo que ainda é mundo
o vento uuuuuiva
na esquina.
Mas sinto estranha presença
da tua ausência.
Nem sabia
existia.
Naquilo, que parecia
concreto,
duro,
útero,
mundo; acordamos.
Despertamos em março
que mal
acabou,
e
ninguém
sabia.
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