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A libélula e o Fauvismo

\\ARTE

Viajaram para o nosso continente também, essas tais libélulas! Quando crianças vimos nas escadas e luminárias do nosso Castelo Rá Tim Bum, todo no estilo fauvista.


Por Núria Vieira*, colaboração para Frente & Versos


Imagem: foto de Núria Vieira


-“Olha! Uma libélula secou e ficou inteirinha aqui, veja.” disse meu pai.

Por Núria Vieira*, colaboração para Frente & Versos


Inteirinha para mim, a libélula gentilmente morre e deixa suas asas inteiras para eu apreciar de pertinho a sua estrutura.

Me fez pensar no Fauvismo.


Essa foi a primeira vez que eu olhei sem medo uma tão de perto assim. Afinal, libélulas têm ferrões e temos de ter cuidado com elas. Toda bela. Toda

curva e reta.

Com as extremidades levemente acastanhadas.

Me fez pensar no Fauvismo.


O movimento de ode às formas naturais. Imitavam asas, como as dessa libélula, em vidraças e em abajures, também acastanhados.

Folhas e troncos de árvores em corrimãos. Uma natureza que entrou nos prédios e tomou conta da arquitetura por um certo período na Europa.


Viajaram para o nosso continente também, essas tais libélulas! Quando crianças vimos nas escadas e luminárias do nosso Castelo Rá Tim Bum, todo no estilo fauvista.


BUM BUM BUM!


Dos fauves: as feras. Se referiam a quem usava direto dos tubos, as tintas nas telas. Era agressivo e radical pintar cores puras!

Sem nenhuma preocupação em representar o real. Não havia profundidade, só o plano.

Não se queria mais simular o que se vê no nosso mundo.


“Se pintava a vida dos homens”, segundo G.C. Argan. Ou melhor dizendo, se pintava o sentimento dos homens.


Dançando vinham os cores do Gauguin e pulsando os sentimentos do Van Gogh. E em coreografia, como se em seguida: A dança do Matisse. Colocando em perfeita harmonia os movimentos em roda, corpos nus na natureza, plenos em satisfação no seu meio natural.


Dançou. Fez voar para cá a libélula que pousou na mão da Malfatti com as vibrantes cores dos retratos.

Fez o que fez e tivemos Tarsila. Fez o que fez e tivemos o modernismo brasileiro. Fez o que fez e que faz, essa libélula é a culpada!


Eu a legitimo nesta culpa! Afinal, foi ela, que lá atrás pousou essa mesma sorte nas mãos de alguém que a viu assim, inteirinha, com as asas intactas, reluzentes e castanhas, e a fez pensar no Fauvismo.


*Núria Vieira é artista visual.

(Os textos de colaboração não expressam necessariamente a opinião da F&V)

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