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Xico Sá, o sabiá do Sertão

\\ ESPECIAIS

Paralelamente à atividade jornalística, Xico celebrizou-se um “Freud de boteco”, como ele mesmo diz, donde juntava suas paixões em diversos “escritórios” pela cidade.

Por Matheus Lopes Quirino


Imagem/reprodução


Francisco Reginaldo de Sá Menezes é seu nome de batismo. Tendo seu segundo nome vindo da paixão materna pelo cantor Reginaldo Rossi – outro embalador de multidões, também frequentador das filosofias de boteco, as mesmas que Francisco canta em suas crônicas, como um sabiá do sertão, por certo em: Garçom, eu estou aqui nesta mesa de bar/ E você já cansou de escutar, centenas de casos de amor…. Esta é de Rossi, mas tranquilamente poderia ser coisa de Francisco.


Cearense da região do Crato, o jornalista, escritor, poeta, papeador, boêmio convicto, hoje viaja o país como escritor e, sobretudo, como cronista afiado que é, mantendo coluna no periódico El País Brasil, depois de passar décadas na Folha de S. Paulo. Na Al. Barão de Limeira, ele começou como repórter de cidades, passou por política, cultura, mantendo, em sua última encarnação na Folha, uma coluna no caderno de esportes — espaço dedicado à crônica.


Xico Sá encantou-se pela “garota de Ipanema” do jornalismo, esta pequena peça de ficção que a literatura cânone insiste em puxar o tapete, a crônica, quando ela lhe servia como válvula de escape da “pauleira da redação”, um afago entre um porre e outro, no ardor da madrugada de um escritor louco de amores.


O charque literário de Francisco, vulgo o lombo, durante muitos anos, fora amaciado pela vida de repórter; esta profissão que abrigou — e ainda retém — amantes das letras. No começo dos anos 2000, ele alimentava diariamente o site O Carapuceiro com crônicas que conversavam com os dilemas e causos do homem urbano. E ele lembra num bate papo com este repórter “Depois de correr atrás do PC Farias [do caso Collorgate, 1992, da época em que ele era um repórter obsessivo], ser repórter de política, ganhar prêmio de melhor reportagem – que, inclusive, não acho que o mereça, pois o texto era uma merda! –, lembro de quando comecei a escrever crônicas pra revista semanal da Folha. Eu fui fazer um troço de humor, que comentava esse universo do macho, feito uma sátira, na época em que as colunas de comportamento surgiram, daí, até, comecei a ganhar a vida como cronista”.


Paralelamente à atividade jornalística, Xico celebrizou-se um “Freud de boteco”, como ele mesmo diz, donde juntava suas paixões em diversos “escritórios” pela cidade. Nos bares, segundo ele: “O melhor lugar de trabalho (risos) ”, sendo pago na melhor moeda, em rodadas de bebidas e comidas. Prestava consultoria, na maciota, a amigos e amigas que chegavam com suas epopeias sentimentais.


De habitués noturnos, discorrer sobre o terreno do afeto floresceu o canteiro do cronista, ligado em todas as tribos e credos. Tendo galgado narrativas para servir bem o leitor, papos das noitadas na Mercearia São Pedro e arredores à garçonnière na Bela Vista. Xico Sá sempre buscou penetrar com afinco na psique humana, sobretudo a da femme, tornando-se um especialista em galanteios – haja vista alguns depoimentos de amigos, mas não só destes; dá-se a prova via escritura do (santo) ofício, talhada em Catecismo de devoções, intimidades e pornografias (2005), de sua autoria, publicado pela finada editora do Bispo.


Recomendação

Modos de Macho & Modinhas de Fêmea, publicada pela editora Record do início dos anos 2000 a 2016. Para rir e re-ler.

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