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Em Paraty, os esforços vão a engorda de conteúdo, desde a programação de cinema, recém inaugurado, ao contemplar das vias, de fato. Há história para todos os lados
Por Matheus Lopes Quirino, enviado à Paraty
(Imagem/divulgação)
Dado o roteiro do novo eixo cultural, a programação paralela floresceu e equiparou-se à programação oficial. Segundo esta reportagem apurou, a concentração no Centro Histórico reflete este novo fluxo da programação, mais centralizado, integrando, portanto, uma rede de atividades mais eficaz e dinâmica.
Debates sobre livros de diversas procedências, dos já laureados autores aos intimistas recém lançados, são um prodígio na gama da maior festa literária do cone sul. Sessões de autógrafo, palestras, saraus e leituras movimentaram o público das casas de cultura à Praça da Matriz, no centro histórico, sob o sol escaldante do litoral carioca. E a poesia estava sempre presente, em inúmeras ações. Dos furtivos momentos, ao ressoar das vozes ecoantes entre versos curtos debaixo das árvores, a presença de “lobos solitários literários”, autônomos poetas que, aproveitando o fluxo da FLIP, barganhavam seus poemas e versos livres em papéis coloridos ou mesmo tiras estilizadas a preços simbólicos, sempre a combinar.
Nos arredores do palco central, além das panças dos já fatigados com o tórrido calor aos chapéus das elegantes senhoras repletas de sacolas e óculos Ray Ban, via-se um clima nostálgico, por hora, impressionante: a quantidade de leitores (de papel) superava os obstinados virtuais. Por parte da manhã, na pausa para o café “saidera” para o almoço, nas mesinhas, degraus, pedras e gramas, sobrepostos, lá estavam os turistas com seus jornais, catálogos, livros e miscelâneas, todos impressos.
Para apreciação de todos os gostos, segundo apurado, extraoficialmente, por esta reportagem, a FLIP 2018 movimentou mais turistas à cidade em relação à sua edição passada. Uma glória, pois a festa, sendo um dos eventos coringas do gênero literário, numa ambientação entre turismo, literatura, cultura e outras artes, reascende uma discussão profunda sobre educação e todos as suas nunces que, infelizmente, mostram que o Brasil não é um país de leitores. A Flip seria uma (boa) contradição?
Pelo menos em Paraty, os esforços vão a engorda de conteúdo, desde a programação de cinema, recém inaugurado, ao contemplar das vias, de fato. Há história para todos os lados, em papel, carne e osso, ou pelos ares com cheiro de marina.
Já na sala de imprensa, há animação e troca dos profissionais que, paulatinamente, entram e saem do recinto, com boas novas; há muita leitura, discussão, tendências rolando das esquinas aos grandes palcos paramentados. Hilda Hilst não se aguentaria de felicidade ao saber do impacto da transmissão de seu grande legado repleto de “filhotes” pormenores, eventos locais, sinônimos de sucesso. Sob um ar místico, Paraty trepidava entre falhas de sinais e ecos ouvidos dos becos no cair da noite, há quem diga que a própria escritora, esotérica, esteja refestelando-se, claro, do outro lado.
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