Carola Saavedra possui obra respeitável dentre nova geração de escritores
- Frentes Versos
- 31 de jul. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de abr. de 2020
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Romancista contemporânea, Carola Saavedra usa a escrita para relatar as minúcias da vida
Por Laura Ré

reprodução/trip
Escritora brasileira, mas nascida em Santiago, no Chile, em 1973, Carola Saavedra aos três anos de idade se muda com a família para o Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Nos anos 1990, forma-se jornalista e segue para a Europa, morando na Espanha, França e Alemanha para concluir um mestrado em comunicação social.
No primeiro momento, a escritora começou a trabalhar como tradutora de alemão e espanhol. Até que, no ano de 2005, Saavedra lança seu primeiro livro, de contos, Do Lado de Fora. Daí em diante, seus próximos livros Toda terça (2007), Flores azuis (2008), Paisagem com dromedário (2010), O inventário de coisas ausentes (2014) e Com armas sonolentas (2018), são todos lançados pela Companhia das Letras. Flores azuis ganha prêmio de melhor romance pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e Paisagem com dromedário prêmio Rachel de Queiroz. Além de seus livros serem traduzidos para o inglês, francês, espanhol e alemão, Carola Saavedra foi escolhida pela Revista Granta como os vinte melhores jovens escritores brasileiros.
A escritora refere-se a língua portuguesa como sua pátria e faz dela um relatório das minúcias da vida. Em 2014, ao publicar O inventário das coisas ausentes, Saavedra aborda temas mais próximos da família, da política e do amor – que sempre está presente nos conteúdos de seus livros. Trata-se de um romance fragmentado, com um personagem em busca de sua própria identidade e que, para isto, ele tenta investir em uma relação com o seu pai, que sempre foi complicada e que não parece diferente, já que o homem está próximo à morte. Este é o ponto de partida do romance, que, consequentemente, traz os assuntos amorosos e políticos, espelhando-se, principalmente, em uma aceitação diante dos principais temas abordados na história. Portanto, o personagem procura uma identidade através da ficção, em uma tentativa de determinar sua origem.
Seu livro mais recente, Com armas sonolentas, publicado em 2018, traz a força feminina. Trata-se das histórias das vidas protagonizadas por três mulheres. A primeira, Anna, é uma atriz carioca que conhece um cineasta alemão famoso em um festival no Rio de Janeiro, e vai morar com ele, pois acredita que, assim, conseguirá o reconhecimento que tanto busca; entretanto, na pequena e isolada cidade na Alemanha, muitas frustrações surgem para a personagem. A segunda é uma estudante alemã, Maike, que através do seu interesse pelo Brasil, ao estudar português na faculdade, ao conhecer uma colega, aparece manifestação do amor e desejo homossexual, passa por mudanças radicais.
E, por fim, a terceira personagem é uma jovem mineira anônima que se muda para o Rio de Janeiro, para ser empregada doméstica, entretanto uma série de relações bastante complexas que se desenrolam a partir do convívio dela com os seus patrões. Durante a narrativa, é possível perceber que as histórias apresentam conexões entre si. São três mulheres muito diferentes, porém compartilham uma situação progressista de abandono e exílio, tanto no físico quanto no emocional. A partir da palavra ‘arma’ que o título do romance nos oferece, conseguimos entender a relação entre elas, que buscam bravamente descobrir suas verdadeiras identidades.
Carola Saavedra é uma das melhores romancistas que o Brasil tem atualmente. Suas obras são repletas de procura por autoconhecimento e as nuances que este esforço proporciona, sempre sem deixar de lado a temática do amor.
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